Emoções em foco: Turminha do Bem transforma a rotina escolar em Maracaju

Em Maracaju, a Turminha do Bem alcançou, em toda a rede municipal de ensino, 2 mil e 300 alunos, sendo 60 deles da aldeia indígena Sucuriy, que foi a pioneira na implantação de uma iniciativa de educação socioemocional em Mato Grosso do Sul.

O ano letivo dos alunos da Rede Municipal de Ensino da cidade de Maracaju – MS, a 160 quilômetros de distância de Campo Grande, termina de forma diferente e surpreendente. Eles receberam e trabalharam ao longo de 2024 as atividades do Programa Turminha do Bem com o Projeto Nossas Emoções e a transformação social. O objetivo foi trabalhar a saúde emocional das crianças e adolescentes em idade escolar dos ensinos infantil e fundamental.

“Eu nunca tinha tido o contato com um Projeto como este e, com certeza, foi maravilhoso desenvolve-lo! Nas três turmas que trabalhei, as experiências foram diferentes e únicas, pois cada criança reagiu com sua singularidade. A parte que mais impactou a todos e teve a maior identificação foi com a história da Ana e sua amiga cocô, uma tartaruga. Despertou as emoções porque veio de encontro com a realidade que a maior parte delas já vivenciaram em algum momento de suas vidas. Houve choro, abraços calorosos… Elas tiveram a oportunidade de falar do que vivenciaram em família, do que estavam sentindo naquele momento, como se fosse um despertar de sentimentos guardados e deixou um grande aprendizado de valorizar amizades, família e de respeito uns para com os outros”, detalha a professora Neiva Pedro Fernandes, que trabalhou as emoções com turmas entre 22 e 25 alunos, sendo duas do Pré-1 e uma do Pré-2. Ela leciona há cinco anos na Escola Municipal Prof. Irma de Lima Matos, na área de Contação de Histórias com turmas da Educação Infantil.

As aulas com a Turminha do Bem são dinâmicas, diferenciadas e as crianças puderam compreender os próprios sentimentos e entenderem como se sentem com os acontecimentos, sejam bons ou ruins. O material se divide em quatro fases, com quatro histórias diferentes, tendo a mesma personagem em todas elas.

Em Maracaju, a Turminha do Bem alcançou, em toda a rede municipal de ensino, 2 mil e 300 alunos, sendo 60 deles da aldeia indígena Sucuriy, que foi a pioneira na implantação de uma iniciativa de educação socioemocional em Mato Grosso do Sul. Todo o material para as crianças indígenas é em Guarani Kaiowá composto por quatro livros de leitura, quatro cadernos de atividades, dois tabuleiros com quatro jogos e dois baralhos.

Turminha do Bem e a família – As experiências em sala de aula ultrapassam os muros das escolas e chegam às famílias dos estudantes. Um dos casos marcantes foi o da família Renepont com as gêmeas Andriely e Thalita, de cinco anos, da turma do Pré-1.

“Sempre fomos uma família de contar e ouvir histórias. E as meninas compartilham de tudo com a gente, e não foi diferente com a Turminha do Bem, especial com a história trabalhada em sala de aula da “Ana e sua amiga Coco”, a qual as crianças mais se identificaram”, relembra Julianderson Renepont, pai das gêmeas.

A história conta a amizade de uma garota chamada Ana e a tartaruga Coco, que ganhou da mãe para que cuidasse e aprendesse algumas lições com o animal. Certo dia, Coco não acordou e morreu, deixando um sentimento de muita tristeza no coração de Ana e de sua mãe.  Mas também deixou algo valioso que Ana aprendeu com ela: calma, paciência e a valorizar quem ela ama. A partir desse dia, Ana passou a fazer as caminhadas com sua mãe até a lagoa e juntas conversavam e relembram dos bons momentos com a tartaruga Coco.

“A partida da tartaruga reviveu uma situação que as meninas também passaram com a morte da tia-avó delas, a Tia Méri. A história deixou-as saudosas e angustiadas. Foi então que conversamos e fizemos um vídeo adaptado da história da Ana e da Tia Méri. Uma maneira carinhosa de entender os sentimentos”, relata Julianderson. O vídeo tem 2:45 e ganhou repercussão na escola e com a editora da Turminha do Bem.

“Saber que minhas filhas estão nessa escola e com esse tipo de Projeto nos alegra e com certeza ajudarão no crescimento pessoal e profissional delas. Sabemos que nossas filhas estão em um bom lugar com aprendizado de verdade e futuro promissor”, finaliza o pai.

“A proposta da Turminha do Bem é que extrapole mesmo os muros das escolas para que a família esteja inserida no contexto da escola, fazer parte daquilo que a criança está aprendendo” afirma a idealizadora do Programa Turminha do Bem, a doutora em ciências farmacêuticas, Fernanda Fialho , que é farmacêutica, graduanda em Medicina e que desde 2015 dedica-se a elaboração de projetos de educação e escrita de livros infantis voltados para a saúde.

Além de Maracaju, o Programa Turminha do Bem, já esteve presente nas cidades de Aparecida do Taboado, com 2 mil 800 alunos, e em Bandeirantes, com mil e 800 alunos.

Sobre o Projeto Turminha do Bem: criado em Campo Grande – MS, em 2015, pela doutora em ciências Fernanda de Oliveira Fialho, o programa tem o objetivo de fornecer materiais e conteúdos educativos interdisciplinares diferenciados e complementares para os alunos da educação infantil, ensinos fundamental e médio através de contos expressivos e ferramentas da metodologia ativa. A Turminha do Bem é formada pelos personagens Bacbem, Kito, Raio, Neural, Denoka, João, Teddy e o Fabinho, cada um deles tem uma função na didática com os alunos.  O projeto oferece sete propostas de trabalho para a equipe pedagógico das escolas.

 

Ambientes limpos: trabalha a vigilância epidemiológica, a consciência, o papel de cada cidadão de forma individual e coletiva na responsabilidade social;

Emocionaltrabalha a inteligência, consciência e autonomia emocionais e a competência social;

Fisiologia da vida: trabalha o desenvolvimento humano em diferentes fases da vida abordando conceitos de responsabilidade, ética, moral, deveres, direitos e riscos sociais e vulnerabilidade;

Higiene pessoal e alimentar: trabalha as práticas de saúde individual e coletiva mostrando a importância da adoção de novos hábitos para a promoção da saúde e bem-estar;

Meio ambiente: trabalha os pilares do desenvolvimento estruturado e sustentável com a promoção da ascensão econômica na mesma proporção da social e ambiental.

Inclusão: trabalha a inclusão social no ambiente escolar, abordando os cuidados inerentes ao educador e seu preparo com ações amplas de conscientização e formação sobre TEA, Transtornos Mentais Gerais  na Infância, repercussões clínicas da puberdade e alunos com deficiências.

Antirracismo: trabalha para promover a igualdade racial e a valorização da diversidade com a atenção e a percepção dos alunos e professores, a partir de lembranças, ideias, informações, emoções e conteúdos, para a identificação de preconceitos raciais que habitam o imaginário social e que encerram em si estereótipos, impulsos ou desejos, nem sempre conscientes, responsáveis por atitudes discriminatórias e manutenção e/ou a reprodução do racismo.

Em nove anos de existência a Turminha do Bem já alcançou 30 mil alunos, em 1200 escolas nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso, com a participação de 7000 mil professores.

 

 

 

Por Laureane Schimidt

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